terça-feira, 13 de outubro de 2015

A Síndrome do Cuidador

Hoje pesquisando algumas coisas me deparei com esse texto, que reflete de forma muito clara a situação do cuidador que na maioria dos casos é a mãe. E coloco a vocês algumas questões que me permiti sentir ao longo desses cinco anos como cuidadora de Pc, epilético com espectro autista.

Não sou uma pessoa psicologicamente estável.
Também preciso ser cuidada.
Eu preciso de amizades, por mais que não consiga ir em todas as reuniões e desmarque compromissos em cima da hora, continuo precisando que me ouçam quando eu estiver explodindo. Isso é um me desculpem, amigos, mas me entendam.
Ser cuidadora, trabalhar e estudar, me deixa a beira da insanidade, e essa sou eu, não posso sempre fingir que está tudo bem.
Não é ser fazer de vitima e nem coitadismo, é saber me reconhecer como ser humano e declarar que eu tenho limitações.
Segue o texto:



A Síndrome do Cuidador

A  Síndrome do Cuidador é um transtorno que afeta aquelas pessoas que tem que exercer essa profissão. Ela se caracteriza pelo agravamento progressivo da sintomatologia negativa. Isso acontece porque o cuidador, pouco a pouco, transforma sua vida na do doente e os problemas dele nos seus.

Cuidar durante 24 horas de uma pessoa que sofre de alguma doença ou apresenta certo tipo de deficiência gera uma responsabilidade que é preciso aliviar com momentos de folga, de abandono temporário do trabalho, etc. É preciso passar de cuidar para ser cuidado. Tomar conta de alguém implica assumir e desempenhar atividades para as quais, muitas vezes, não estamos preparados e com as quais precisamos nos acostumar. Esta responsabilidade pode, com o tempo, se transformar num transtorno, já que, segundo alguns especialistas, esta síndrome se desenvolve conforme o cuidador vai assumindo tarefas (alimentação, medicação, higiene, etc.) que implicam estar 100% responsável por alguém, o que leva a uma enorme consequência física e psicológica.

A responsabilidade de cuidar do paciente exige uma dedicação quase , restando pouco tempo para se dedicar a outras atividades pessoais e sociais. Esta atenção contínua gera um esgotamento no cuidador, mas também gera angústia e um sentimento de culpa quando ele não está cuidando do paciente. Isso pode acarretar em ansiedade, depressão, isolamento, transtornos de sono e, acima de tudo, cansaço físico e psíquico.

A vida do cuidador muda por completo
Quando uma pessoa exerce o trabalho de cuidar de alguém, sua vida muda completamente. O tempo que ela tinha para se dedicar a si mesma é incrivelmente reduzido, afetando suas relações pessoais e sociais. Seu estado de ânimo muda, tornando-se mais suscetível a alterações e facilmente irritável. Longe de ajudar, isso tudo prejudica tanto o cuidador quanto o paciente.

O segredo está em detectar a aparecimento dessa síndrome e preveni-la. Assumir a tarefa de cuidar de alguém implica em se dedicar completamente a ela. Não precisamos somente adquirir capacidades para os cuidados médicos do paciente, mas também nos organizarmos e dividirmos as tarefas com outras pessoas, para evitar a sobrecarga de funções e, portanto, a  ansiedade. Se for preciso faça um esquema de atividades diárias, pontuando tudo o que você deseja fazer no dia, na semana e vá se esforçando para que tudo ocorra conforme o planejado, claro que algumas coisas podem escapar, mas assim você fica mais focado no que não pode sair das suas prioridades.

Outro aspecto fundamental e que os especialistas enfatizam bastante é que é preciso que o cuidador evite, de todas as maneiras possíveis, anular sua vida social. É importante continuar apreciando algumas horas de lazer e de tempo livre, para se desconectar um pouco da dura tarefa que exerce. Isto repercute positivamente no humor do cuidador e, portanto, será mais fácil para ele assumir o trabalho.

Quando a experiência de cuidar de uma outra pessoa se estende por muito tempo, uma das opções mais recomendadas é tentar procurar apoios e recursos externos para dar conta desta complicada situação. Nem sempre essa alternativa está  disposição do cuidador, mas é necessário tentar pedir ajuda para evitar piorar os transtornos emocionais acarretados por este trabalho. Se for preciso recorra à terapia, pois um bom profissional poderá lhe mostrar diversas vias que pode tomar para solucionar seus problemas ou ansiedade

O cuidador precisa encontrar momentos para cuidar de si mesmo, ou para que outras pessoas cuidem dele. Isso é muito importante. Caso não seja assim, aqueles que realizam esse belíssimo trabalho também acabarão doentes. Devemos, então, cuidar do cuidador. Aquele que cuida é, também, aquele que merece mais cuidados.

E algo que não poderia deixar de dizer: nós temos muitas expectativas quando um filho inicia um tratamento e aí nos empenhamos ao máximo, nos anulamos em favor desse filho para que ele esteja melhor, mas se tudo não sair como o planejado, não se sinta culpado se você, diante das suas possibilidades e entendimento, fez o que poderia ser feito, pois não está apenas em nossa vontade ou esforço a mudança no outro, nem tudo depende de nós, mas podemos na medida do que se pode conseguir, proporcionar felicidade e sermos felizes também, sem culpas ou sentimentos ruins que não contribuem afinal. Um  grande abraço

Dra Flávia de Sousa

fonte: https://paralisiacerebral.wordpress.com/2015/10/13/o-que-e-a-sindrome-do-cuidador-what-is-caregiver-syndrome/