quinta-feira, 26 de março de 2015

Purple Day - 26 de março - Dia Mundial da Conscientização de Epilepsia.

Hoje é considerado o dia mundial de conscientização da epilepsia. Um dia de reflexão para mim. Quando no dia 25 de janeiro de 2011 o Guilherme foi diagnosticado com hipsarritmia (síndrome de West) eu mal sabia o caminho que iriamos percorrer, nem ao menos tinha noção do que era epilepsia e muito menos de tudo que a West poderia causar a ele.
Foram semanas de angustias meses se incertezas e confesso que até hoje o tal de eletroencefalograma é o meu maior terror. Porém, junto com o sofrimento veio o sentimento de abandono, eu não tinha muitas informações sobre essa tal síndrome de West, e as informações que eu conseguia não satisfaziam meu coração, talvez por não aceitar o diagnóstico, talvez por sempre ter acreditado que conosco seria diferente.

Dessa forma criei o blog, em um anseio de mostrar que podia ser diferente, que com os tratamentos corretos e dependendo do grau de comprometimento, poderia sim ser diferente. O blog foi escrito porque quando eu vi luz no fim do túnel a felicidade foi tão grande, que não coube dentro de mim e dessa forma foi necessário compartilhar com todos. O Gui não tem mais SW, mas ainda permanece com epilepsia refratária, os medicamentos não controlam suas crises e estamos na fila esperando a liberação da Anvisa para o uso do extrato da cannabis rico em canabidiol, e como o ACTH, essa nova possibilidade enche meu coração de esperança, renova minha força e me coloca de pé para continuar. Nossa rotina sempre foi puxada, com fisio hidro, por conta da paralisia cerebral,  porém depois de descobrir que ele é epilético o medo aumentou, a rotina ficou mais dura, controle de crise, medicamento, medir saturação, cuidar com a febre pois depois de um tempo ele desenvolveu convulsão clônico tônica na febre, algumas vezes teve parada respiratória e eu em meio a desespero tive que fazer manobra par ele voltar.

Ter filho epilético não é fácil, exige uma dedicação e um cuidado imenso, mas ao mesmo tempo nos transformam em agentes contra o preconceito, em fiscais de humanidade, nosso olhar fica mais aguçado, desenvolvemos habilidades em dizer se é crise e de que tipo é, discutimos diagnóstico, aprendemos sobre medicamentos, toda a família de todos os anticonvulsivos, viramos especialistas em filho, especialistas em amor.

 Hoje dia 26 é pretendido que as pessoas se interessem um pouco mais por nosso mundo roxo e se permitam deixar o preconceito de lado para que juntos possamos nos apoiar. Epilepsia não é contagiosa, pode ser assustadora, mas não 'pega', eu não virei epilética  por abraçar meu filho e nem a irmã dele teve qualquer tipo de alteração pelo contato. Pessoas com epilepsia já sofrem com o diagnóstico, não permita que seu preconceito cause nelas mais sofrimento. Vista roxo, saiba mais, os abrace!


Aqui um breve histórico do Purple Day, copiado com todo amor do site:

                                                     www.vivacomepilepsia.org

Quem escreve ele é o Eduardo Caminada Junior que possui epilepsia de difícil controle desde os 3 anos de idade devido à uma lesão congênita no lobo parietal esquerdo e com todo carinho nos permite conhecer um pouco da sua vida em mais de 35 anos de epilepsia.

O Purple Day é um esforço internacional dedicado a aumentar a consciência sobre a epilepsia em todo o mundo . Em 26 de março , anualmente, as pessoas em países de todo o mundo estão convidados a se vestir de roxo nos eventos em prol da consciência da epilepsia.

O Purple Day foi criado em 2008, Cassidy Megan uma criança na época com nove anos de Nova Escócia, no Canadá, com a ajuda da Associação de Epilepsia da Nova Escócia (EANS).

Cassidy escolheu a cor roxa para representar a epilepsia por causa da lavanda . A flor de lavanda também é freqüentemente associada com a solidão que representa os sentimentos de isolamento que muitas pessoas com epilepsia sentem . O objetivo de Cassidy é mostrar que as pessoas com epilepsia, sejam em que lugar do mundo estiverem, jamais deverão se sentir sozinhas.

No Brasil o Purple Day começou a participar mais ativamente de iniciativas desde 2011 e já conseguimos fazer com que na maioria dos eventos relacionados ao assunto a cor roxa fosse aderida, além de divulgação em programas de televisão e rádio e publicações em revistas e jornais. Além de participações ativas em Congressos, Simpósios, Palestras e eventos de uma maneira em geral.

No ano de 2013 existiu uma mobilização onde todas as pessoas que participam da “fanpage” e do grupo do site “Viva com Epilepsia” dentro do facebook, independente em que local do Brasil estivesse enviassem uma foto vestindo roxo e foi uma atitude fácil, o que nos proporcionou o envio de dezenas de fotos que foram todas publicadas no blog www.vivacomepilepsia.org/blog.

A cada ano que passa o Purple Day cresce cada vez mais no Brasil, nos anos de 2012 e 2013 recebi o título de Embaixador Purple Day São Paulo/Brasil e desde dezembro de 2013 devido ao grande e importante trabalho realizado recebi o título de “Director of Purple Day Brazil”, uma função de muito maior responsabilidade e que faz do nosso país uma referência de iniciativas e trabalhos realizados. Precisamos seguir em frente e mostrar o quanto nosso país luta contra o preconceito e falta de informação.




sexta-feira, 20 de março de 2015

Desculpa ele é deficiente!

"Desculpa ele é deficiente!" Sempre que me pego falando essa frase, sinto um vazio gigante dentro de mim. Como se fôssemos um estorvo que devemos sempre nos desculpar por estarmos atrapalhando o bom funcionamento da sociedade. Sei que nem todos conseguem reconhecer que o Guilherme é uma criança com especificidades, com um desenvolvimento diferente, até por que todos os diagnósticos dele não estão ligados a uma patologia que altere suas características físicas . Então suponho que sofremos um pouco mais, não que seja fácil ou menos sofrido para uma família que tenha um ente com essas alterações, mas com o Guilherme parece que sempre sou pressionada a dar justificativas por conta do seu comportamento, sou cobrada sobre isso com olhares e comentários.  Sim ele anda, mas faz uso de cadeira de rodas também, se cansa fácil, cansa de andar, e a mãe aqui não tem mais como carrega-lo no colo, tá um mocinho, mas vou ter que admitir que quando ele está nela é respeitado, dependendo do lugar que eu vou faço questão de levar ele na cadeira. Porém temos aqueles momentos que ele quer brincar, quer dar uma corridinha, fazer as besteirinhas que ele sabe fazer, girar alguma coisa, jogar algo para o alto, quer ser criança e é ai que eu percebo o preconceito, porque qndo ele está na cadeira é como se ele não oferecesse perigo, é só ignorar que está tudo sob controle, mas quando ele não está, ahhh quando ele não está na cadeira o mundo é o limite, e ele com toda sua curiosidade e sem maldade nenhuma no seu coração quer descobrir tudo, testar todas as possibilidades. E é ai que vejo as pessoas se afastando com seus filhos, olhando com olhar de reprovação qualquer comportamento dele que não seja totalmente aceitável para uma criança de quatro anos, e por muitas vezes ao perceber que ele está sofrendo algum tipo de preconceito solto a justificativa " ele é deficiente",  dai pronto todos aqueles olhares de reprovação, olhares de sarcasmo se tornam olhares de dó, pobre coitada da criança, e já inicia-se o processo que tratar ele como alguém incapaz, que não sabe o que faz. Odeio ter que dar justificativas, mas por muitas vezes não aguento a pressão, confesso. Algum tempo atrás estávamos na fila do banco eu com ele no colo e encosta ao meu lado um segurança e diz que devíamos ir para fila normal pois a preferencial é somente para crianças de até 2 anos, e o Gui por mais que tenha 4 parece que tem 6, expliquei a ele que meu filho tinha deficiência e que por aquele motivo estamos ali, no mesmo momento ele começou a nos olhar de forma diferente até que soltou um, "que dozinha dele, uma criança tão bonita".  Oi? Ah então só feio pode ter problema? Sim essa foi minha pergunta para ele. Ele nos olhou de forma meio desconcertada e se afastou, não quis pensar o que deve ter imaginado a meu respeito. São pouquíssimas as vezes que somos respeitados,  que o que é direito dele é lhe dado sem que eu tenha que fazer uma longa justificativa e ouvir os comentários que as pessoas acham que colaboram para minha vida. Pessoas eu sou feliz com meu filho. Se daria tudo para ele não ter deficiência, não ter epilepsia? Com certeza não tenham duvida disso, mas não é por isso que eu sou infeliz, que somos tristes ou que precisamos de pena. Não tenho problemas em responder perguntas, aliás como eu disse antes a deficiência dele não é percebida de imediato, por isso façam perguntas, tirem suas dúvidas, mas por favor não o julguem incapaz, ou façam comentários ridículos, vocês não fazem ideia do que ele já passou para estar onde está hoje, ele não merece pena, merece admiração! No mais Beijo para vocês!



















segunda-feira, 16 de março de 2015

Agora voltamos!

Depois de muito tempo e muita reflexão, sim eu refleti se deveria continuar. Aquele negócio de se sentir útil, mas percebi que de alguma forma o que eu escrevo aqui ajuda algumas pessoas, então vamos continuar.

Nesse tempo que ficamos fora Guilherme está se desenvolvendo, um pouco mais lento que no começo, estamos esperando liberação da Anvisa para o uso do canabidiol, um possível diagnóstico de autismo, ele está indo para escola regular. As crises continuam, e por ai vai.
Eu estou quase terminando a faculdade, faço pedagogia.
Aos poucos vou atualizando as informações, coloquei o blog como projeto de vida agora. Escrever aqui me faz bem, poder compartilhar um pouco da nossa história e de certa forma saber que contribuímos para que algumas pessoas não percam a esperança, me dá força para continuar.


Abraços gigantes para todos e espero que gostem da nova cara do blog!

Bjo.